O hipertexto é um gênero textual que propõe uma nova forma de ler o texto. Ele oferece múltiplas possibilidades e maneira do leitor se apropriar do conhecimento. Ao contrário do texto convencional existente no livro, o hipertexto não possui uma ordem cronológica. Ele rompe com a linearidade tempo espaço. Marcuschi, (2002, p. 23) aponta que, “o hipertexto consegue integrar notas, citações, bibliografias, referências, imagens fotos, e outros elementos encontrados na obra impressa, de modo eficaz e sem a sensação de que sejam notas citações”. A linguagem do hipertexto é praticada em ondas que levam e trazem as informações, em forma de sons, imagens, caracteres, etc.
Uma das qualidades do hipertexto é que o aluno assume que o conhecimento não pode ser um objeto definido. Em lugar disso, este é coletivamente construído a partir do que o aprendiz faz no seu mundo de experiências dos outros sujeitos que navegam na internet e que vão modificando o hipertexto.
Neste sentido, a aprendizagem é significativa simplesmente pelo fato dela ser adquirida pela a ação, ou seja, pela a experiência. Entendo que uma das vantagens do hipertexto é o de que ele possibilite ao aluno o abandone da passividade e adquira um papel ativo, de intervenção no seu processo de aprendizagem. Tendo em visa que ele tem a possibilidade de modificar o texto que está disponível na rede, agindo desta maneira, ele constrói conhecimento quando faz essas modificações. A linguagem hipertextual inserida na rede seria então um ambiente propício para o desenvolvimento cognitivo, comportamental e emotivo, desde de os sujeitos estejam em consonância com os aspectos sócio-culturais, políticos, éticos e históricos.
O hipertexto apresenta-se como um modelo construtivista, pois permite que o conhecimento se torne um saber por meio de um raciocínio não mais moldado aos métodos cartesianos. No saber via hipertexto, as informações são analisadas a partir dos objetivos de cada um e de seu universo cultural. A assertiva de Marcuschi aponta “o hipertexto para a virtualização do concreto e concretiza o virtual” (2002, p.29).
Nesta perspectiva, as informações são transformadas gradativamente em saber. Isto ocorre na linguagem hipertextual por meio da "comunicação linkada", das palavras-chaves que abrem ao leitor uma gama de conexão que se contextualizam e intertextualizam-se permitindo que haja a captação do texto em todas as suas dimensões. Xavier (2001), assinala desta maneira a comunicação através de links:
É ele que dá origem, viabilidade e visibilidade ao texto eletrônico e lhe permite existir interconectado. Ele torna possível o diálogo digital entre documentos e saberes (...) links permitem ao hiperleitor realizar livremente desvios, saltos e fugas instantâneas para outros locais virtuais da rede, de modo cômodo, prático e econômico. À distância de um indivíduo a outro, de um texto ao outro, de uma idéia a outra passa a ser medida por céleres clicks-de-mouse sobre estes inteligentes engenhos digitais. XAVIER, 2001, p. 169.
Assim sendo, o hipertexto é um modelo construtivista de comunicação, pois basta que se escolha uma palavra- chave para que inúmeras informações apareçam na tela permitindo a leitura e a construção textual a partir de seus significados. O hipertexto concede ao leitor um papel mais atuante permitindo-lhe entender a afirmação a respeito de qualquer assunto que seja do seu interesse. O hipertexto, remonta as características de multimídia ou hipermídia. A hipermídia é um dos recursos fundamentais para que haja uma fluidez nas formas de escrita e de leitura, outorgando ao homem uma nova identidade de tempo e espaço e por conseguinte uma nova relação com o saber. Desta forma entende Chartier (2002, p.25), esse processo: “A revolução da textualidade digital constitui também uma mutação epistemológica que transforma as modalidades de construção e crédito dos discursos do saber”. Nesta perspectiva, o conhecimento é construído a partir da convergência da escrita, do som e do movimento. O conhecimento é mais livre e democrática. O sujeito é livre para construir e modificar as informações presentes na rede. No hipertexto, o sujeito passa a reagir à palavra do outro. A fala do outro, a que o sujeito está necessariamente exposto, provoca no enunciatário uma recepção ativa, uma apreciação. A enunciação seria então a emissão de um conjunto de símbolo que é produto da interação dos indivíduos socialmente organizados. Bakhtin (1999, p.123), entende que “a função da língua não é a expressão, mas a comunicação”. A interação do indivíduo com o meio. A comunicação é fenômeno que se realiza através da enunciação.
Entretanto, dentre tantas vantagens que o hipertexto possibilita para a construção de saberes, existente alguns pontos negativos. Marcuschi (2002), destaca o excesso de texto que pode leva o leitor a um stress cognitivo (2002, p.39). O mesmo autor, apresenta ainda, as principais características do hipertexto que são: “a não-linearidade, volatilidade,, topografia, fragmentariedade, acessibilidade ilimitada, multisemiose, interatividade e iteratividade” (2002, p. 24-25).
Portanto, a participação coletiva na construção de hipertexto ou em diversas outras construções no ciberespaço confere a professores e alunos a autoria coletiva, não mais solitária da sala de aula. Os hipertextos em construção podem ser adensados por diversas contribuições e pelas participações de diferentes atores sociais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. No hipertexto, o desenho, a leitura e a navegação não são lineares. No ciberespaço não há linearidade naquilo que é produzido. Essa nova forma de comunicação e de escrita da sociedade informático-midiática possibilitou, também, novas formas de pensar e de aprender. O hipertexto confere ao usuário, a possibilidade de navegação não- linear no texto, com a abertura de novas janelas, de novas associações e de informações alcançáveis.
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