Notas sobre a globalização, mídias tradicionais e digitais
Por: Arão Marques da Silva Antonia Batista Moreira Barbosa, Antonio Marcio Batista e Adriana Martins Valadares
Os avanços do capitalismo, principalmente a partir da globalização estão intimamente relacionado ao movimento de expansão do capital e a modernização tecnológica, onde o mercado de trabalho exige cada vez mais que o individuo se especialize naquilo que faz. Que domine as novas tecnologias. A escola e o docente, neste contexto, tem se tornado um instrumento de formação de mão-de-obra, voltado para atender as necessidades do mercado de trabalho. As transformações de modelos e paradigmas produzem crises sem precedentes. As mudanças aceleradas nos modelos de produção e o aumento da riqueza e do consumo, possibilitaram o desenvolvimento do capitalismo e proporcionou uma profunda alteração de perfil social da humanidade. Como a racionalidade[1] dos processos tecnológicos chocando-se com a desumanização das ações humanas. Dessa maneira Grinspun define a Educação Tecnológica:
A tecnologia deve ser tratada no contexto das relações sociais e dentro de seu desenvolvimento histórico. Ela é o conhecimento científico transformado em técnica que, por sua vez, irá ampliar a possibilidade de produção de novos conhecimentos científicos (Grinspun, 1999, p. 49).
Entendo que a Educação neste contexto, tem servido de modelo de racionalização e uniformização das técnicas de produção. A racionalidade tecnológica nada mais é do que a coisificação do trabalhador. O que está acontecendo na escola através da Educação Tecnológica é uma nova política neotecnicista, onde a escola, mais uma vez serve a interesses neoliberais através da formação de mão-de-obra para o sistema produção.
A Educação possibilitar a criação de espaços para o uso de novas formas de linguagem; e o diálogo entre elas ajuda os alunos a trazerem a sua realidade cotidiana para a sala de aula e a se expressarem conforme o seu mundo. Neste sentido, ter acesso às novas tecnologias é um passo importante para utilizá-las em atividades educacionais. A discussão na escola em torno do uso das novas tecnologias e sua as influências na sociedade ajuda-nos a desenvolver o olhar crítico do aluno sobre o complexo jogo de poder que ela exercer sobre as pessoas.
No entanto, é bom notar que tecnologias como a mídia impressa, a televisão, o vídeo, o rádio, a Internet, a hipermídia são ótimos recursos para mobilizar os alunos em torno de problemáticas, ou então, quando se intenta despertar-lhes o interesse para iniciar estudos temáticos, desenvolver idéia ou trazer novos olhares para os trabalhos em andamento na sala de aula. A integração de tecnologias como: a leitura de palavras, imagens, gráficos, sons, outras mídias e hipermídia evidencia-se como um elemento fundamental ao desenvolvimento do aluno-cidadão e possibilita sua inclusão social.
Para enfrentar os desafios que as novas tecnologias oferecem, os professores devem promover o diálogo do aluno com o mundo e com todos os tipos de mensagem com as quais convive. Tudo isso pressupõe estabelecer inter-relações entre imagem, leitura e escrita; para que como isso, desperte o olhar do aluno para a cultura da leitura e escrita. Possibilitando, com isso, a integração do livro com as novas tecnologias com vistas ao desenvolvimento da leitura e da escrita.
Com a educação tecnológica, busca-se uma educação que discuta abertamente as tensões criadas pelas mídias para que possa incorporar suas linguagem ao cotidiano da escola. Neste contexto, tecnologias como o hipertexto possibilita o nascimento de novos autores, cujas obras podem ter o alcance multiplicado pela rede. É através dessa multiplicação que o sujeito vai construindo o conhecimento. A idéia de rede é entendida como a interconexão entre computadores no ciberespaço onde todas as vozes podem ser ouvidas, onde flui a intersubjetividade, onde o conhecimento é construído coletivamente.
Uma questão que merece destaque aquilo é a desumanização do homem, não havendo a necessidade do proletário pensar sobre a sua ação. Na empresa, existem os administradores que pensam e desenvolvem projetos que são na grande maioria entrave para o desenvolvimento social do operário. A exclusão do trabalhador, produzir-se-ia uma exclusão social (Tedesco, 2002, p.03).
Assim sendo, para o capitalismo o proletário não deve refletir sobre sua ação, deve apenas executá-las, pois na empresa existe alguém que pensa por ele. A racionalidade não é voltada para a emancipação do indivíduo, mas sim, para possibilitar a exploração do trabalhador pelo sistema de produção vigente. A racionalidade é voltada para desenvolver no indivíduo competências e habilidades, não possibilitando a problematizar das dificuldades existentes na sociedade. “A tomada de consciência da exclusão não gera uma reação organizada de mobilização. Na exclusão não há grupo contestador, nem objeto preciso de reivindicação, nem instrumentos concretos para impô-la. Como resumiu recentemente uma analista desses fenômenos, enquanto a exploração é um conflito, a exclusão é uma ruptura” (Castel, 1995, p. 147).
Entretanto, cabe a escola, numa sociedade desumanizada como a nossa, discutir a problemática da racionalização das atividades na empresa não com o objetivo de aumentar a produção e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Mas, apenas o enriquecimento dos donos dos meios de produção. Assim a escola, terá cumprido sua função social quando ter a capacidade de transformar seus estudantes em sujeitos críticos que repudie toda forma de preconceito e discriminação e tenham a habilidade de tomar decisões de caráter técnico, político, social e ético, sem que isso comprometa a sociedade.
Para o debate da inclusão, gravita em torno na perspectiva de que é no pensar e fazer que os processos capitalistas se materializam. A história é feita por cada sujeito. Neste sentido, cada indivíduo é que faz através de sua pratica o capitalismo existir. O domínio capitalista é exercido por nós e para nós. “Exploradores e explorados pertencem à mesma esfera econômica e social, já que os explorados são necessários para manter o sistema. A tomada de consciência da exploração pode provocar uma reação de mobilização coletiva” (Tedesco, 2002, p. 04). neste sentido, se todos os que se encontram em situação de exclusão se rebelassem o sistema capitalista seria desfeito e surgia um novo modelo. Os explorados de hoje que se submetem à jornada de trabalho e a disciplina de uma empresa por um salário que não dá para o indivíduo subsistir até o final do mês e aqueles indivíduos que gostariam muito de está no lugar do explorado. De certa maneira, a inclusão é uma tentativa de promover determinados indivíduos para serem explorados pelo sistema. Neste sentido, os explorados são os sujeitos privilegiados pelo sistema de exploração. O excluído é fruto da nossa maneira de pensar.
O discurso oficial de que a escola é para todos, no meu entender não passa de um discurso merocrático. Todos sabemos a educação está a serviço do capitalismo e que a melhor escola define-se em competências e habilidades requeridas pelo mercado. Ou seja, é o mercado que regulariza as relações sociais, inclusive dentro da escola.
Portanto, a Educação é pensada pelo capitalismo e busca universalizar e elevar o padrão do ensino, não porque o sistema capitalista está preocupado com promover o desenvolvimento socioeconômico e a mobilidade social, mais simplesmente pelo fato de necessitar de mão-de-obra barata e disciplinada e, neste caso, até aqueles indivíduos que têm algumas necessidades são alistados tanto como explorável, mais fundamentalmente como um exército de reserva. “A exclusão parece haver perdido poder para espanto e indignação em um grande parte da sociedade. (...) os excluídos devem acostumar-se à exclusão. Os não excluídos, também” (Gentili, 2001, p. 51). É bom notar que para entender a inclusão e preciso entender a exclusão em todos os sentidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALMEIDA, Elizabeth. PROINFO: Informática e Formação de Professores/Secretária de Educação à Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2000.
ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. São Paulo, Cortez, 2003.
CONDURÚ, Marise Teles & PEREIRA, José Almir Rodrigues. Elaboração de Trabalhos Acadêmicos: Normas, Critérios e Procedimentos. Belém, NUMA/UFPA, 2006.
GENTILI, Pablo. Escola e cidadania em uma era de desencanto. In: SILVA, Shirley e VIZIM, Marli. Educação Especial: múltiplas leituras e diferentes significados. Campinas: Mercado das Letras, ALB, 2001. (p.41-56).
GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin.(org.). Educação Tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo, Cortez, 1999.
MORAN, Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas. Papirus, 2000.
PAPER, Seymour. A Máquina das Crianças: repensando a escola na era da informática. Trad. Sandra Costa. 3ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
TEDESCO, Juan Carlos. Os fenômenos de segregação e exclusão social na sociedade do conhecimento. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 117, p. 13-28, nov. 2002.
WEBER, Max. Sobre a Teoria das Ciências Sociais. São Paulo, Editora Moraes Ltda. 1991.
[1] Em relação à racionalidade; Weber compreende que a racionalidade é classificada em quatro tipos que são: racionalidade conforme fins determinados, que esta ligada à intencionalidade da ação do agente social, onde há previsão, calculo, planejamento com os fins da ação; racionalidade conforme valores, tem haver com valores, crenças, o agente agem conforme suas convicções; afetiva especialmente emotiva que é determinada pelas emoções do agente social; tradicional que é determinada conforme os costumes.